segunda-feira, 20 de junho de 2011

o último adeus

Já passava das vinte e três
na rua apenas alguns mendigos
as lojas quase todas fechadas
o frio da noite aquecia nossos corpos
Durante a caminhada
poucas palavras,
poucos olhares
muito sentimento
Sentamos em frente a velha estação de trem
e lá ficamos por horas
conversamos sobre tudo que passamos
esclarecemos tudo que estávamos guardando
No meio da conversa
as emoções foram se misturando
os olhares voltaram a se cruzar
até que de repende a segurança veio até nós
e disse que em poucos minutos teríamos que sair
e logo se retirou
Pedi a ela um abraço
estava de braços abertos
e de coração partido
então ela veio me abraçar
Fechei meus olhos
senti seu rosto macio
segurei então seu cabelo,
e com a outra mão fazia carinho
O silêncio ecoava naquele lugar
mas em minha cabeça estava um barulho infernal
o filme da minha vida passou
pensei durantes alguns segundos tudo que havia vivido até ali
Até que o último trem 7702 nos expulsou
com a buzina ensurdecedora
ela então olhou pra mim
nos levantamos
ela deu os primeiros passos
enquanto eu pegava minha minha coisas
Quando a vi andando
com as mãos nos bolsos
e cabeça baixa
percebi que aquele era um dos últimos momentos juntos
Então me apressei
peguei seus braços
e dei um beijo
segurei sua mão e continuamos a caminhar
já era de madrugada
voltamos a pé pra casa
Ofereci meu quarto por alguns minutos
ficamos deitados
enquanto ouvíamos música
nenhuma palavra foi dia
apenas os olhares fixados
Por mais algumas horas ficamos juntos
ela disse que precisava ir embora
dei-lhe então o último beijo
a vi novamente de costas,
dessa vez ela olhou pra trás
tudo passou em camera lenta
e disse boa noite.
Voltei para meu quarto
deitei em minha cama
e realizei que dessa vez
nunca mais nos veríamos novamente.
Hoje tenho apenas velhas fotografias
algumas letras em pedaços de papeis
presentes empacotados
contudo ainda sinto seu cheiro
e o gosto de seu beijo

Nenhum comentário: